Fonte: Newletter 48k – Via LinkedIn – Por Pedro Dias Venâncio | Imagem: criada no site https://www.bing.com/images/create
Numa noção bastante simples da página da UNICEF, “Cyberbullying é o bullying realizado por meio das tecnologias digitais. Pode ocorrer nas mídias sociais, plataformas de mensagens, plataformas de jogos e celulares. É o comportamento repetido, com intuito de assustar, enfurecer ou envergonhar aqueles que são vítimas. Exemplos incluem: espalhar mentiras ou compartilhar fotos constrangedoras de alguém nas mídias sociais; enviar mensagens ou ameaças que humilham pelas plataformas de mensagens; se passar por outra pessoa e enviar mensagens maldosas aos outros em seu nome.” (1)
O bullying tradicional (ou seja, presencial) tende a limitar-se espacialmente a determinados “territórios”, a escola, o local de trabalho, os transportes públicos, etc… aqueles em que o agressor tem acesso físico à vítima. Significa que no bullying tradicional a vítima tem “espaços seguros”, território onde sabe que o agressor não consegue aceder. O que lhe permite “desligar”, descansar da ansiedade causada pela vitimização.
Ora, de entre as várias caraterísticas individualizadores do Cyberbullying, face às formas tradicionais de bullying, João Amado e Armando Matos destacam “no cyberbullying se transcendem as fronteiras do espaço físico e do tempo, quer para a vitimização quer para a agressão; qualquer uma destas situações pode acontecer quando e onde vítimas e agressores tiverem acesso às TIC” (2). O que nos dias de hoje é sempre e em qualquer lugar!
Numa perspetiva técnica, não só hoje o acesso à redes informática encontra-se generalizado por espaços públicos e privados, como acedemos à Internet não só nos computadores, mas também nos tablets e nos telemóveis.
Acresce que, numa perspetiva social, os nossos hábitos sociais também já transitaram para o ciberespaço. É na nuvem que temos os nossos documentos, agenda e mensagens, é através de mensagens eletrónicas que comunicamos com a generalidade dos nossos colegas de trabalho, amigos ou familiares para os mais banais efeitos, é pela internet que pagamos contas, reservamos bilhetes ou encomendamos produtos e serviços.
É virtualmente impossível à generalidades dos seres ciber conectados imaginar realizar as mais elementares tarefas do seu dia a dia sem ser através da rede digital.
Se estamos sempre ligados, a todo o tempo e em qualquer lugar, estamos também sempre expostos, a todo o tempo e em qualquer lugar!
O que significa que no cyberbullying não há “zonas seguras”. A alternativa é a “info exclusão”, o que a maioria das vezes não se apresenta como uma solução aceitável para a vítima.
Capacitar a vítima para comportamentos defensivos (também designados na psicologia como comportamentos de “coping”) contra riscos de cyberbullying parece-nos assim a única forma de permitir que esta crie “zonas seguras” no ciberespaço.
Em conclusão, entre as matérias a incluir na tão propalada literacia digital, a matéria do cyberbullying parece-me assumir um papel cada vez mais relevante.